terça-feira, 4 de dezembro de 2012

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Resenha: O outro pé da sereia

148_Livro_o_outro_pe_da_sereiaLivro: O outro pé da Sereia

Autor: Mia Couto

Editora: Companhia das Letras

Nota: 3,5 estrelas

Em 2002, dez anos depois dos acordos de paz entre governo e forças rebeldes, Moçambique é um país em recuperação. Um pastor e sua mulher, Mwadia Malunga, encontram uma imagem de Nossa Senhora nas margens de um rio da pequena localidade de Antigamente. O curandeiro do lugar diz que eles conspurcaram o espírito do rio e correm grande perigo. Mwadia decide então voltar a Vila Longe, onde deixara a família, para abrigar a estátua.

Curiosamente, esta é a estátua que segue, em 1560, com o jesuíta Gonçalo da Silveira, ao partir de Goa, na Índia, para converter ao cristianismo o imperador do Reino do Ouro, ou Monomotapa, situado na região fronteiriça entre os atuais Zimbábue e Moçambique. A imagem de Nossa Senhora é chamada pelos escravos da nau portuguesa de Kianda, uma divindade das águas; e os africanos a tratam por Nzuzu, rainha das águas doces.

De volta ao século XXI, a pequena Vila Longe agora se articula para receber a visita de um casal de antropólogos americanos, revelando personagens exemplares e muito divertidos do cotidiano moçambicano - e do universo literário de Mia Couto. As relações de sincretismo religioso e o choque cultural entre portugueses, indianos e africanos estão presentes o tempo todo na narrativa, e os estrangeiros completam o caldeirão cultural e religioso do local, num retrato ao mesmo tempo cômico e desolador do mundo globalizado.

Mwadia ("canoa", na língua si-nhungwé), a mulher que encontra a imagem e resolve voltar a Vila Longe, é a personagem que liga esses dois momentos históricos. Como uma canoa que pudesse fazer a travessia entre passado e presente, entre Portugal, Índia e Moçambique, ela terá de encontrar um lugar para abrigar a imagem santa. E talvez, assim, localizar um outro pé, concreto ou metafórico, para essa sereia que une os povos da região.

Eu não sei vocês, mas eu utilizo (MUITO) a biblioteca da minha cidade, Jundiaí. Ela ganhou um espaço maior agora, mas tenho que confessar, que sempre foi provida de um catalogo robusto e atual.

Em uma das minhas visitas, resolvi pegar um livro bem diferente do que sempre pego. Sem qualquer referência, o escolhido da vez foi o O Outro pé da Sereia, do moçambicano Mia Couto.

Sei que a Companhia das Letras lança vários livros que não são direcionados para o público em geral, mas que fazem sucesso entre os críticos e amantes da literatura. Achei que esse era um caso, e resolvi arriscar apesar de nunca ter ouvido falar nada do livro, e deixe ser honesta, do autor.

Quando comecei a ler, já me encantei com a narrativa. É diferente para quem está acostumado a ler YA, mas não é difícil, e abre a mente para vários aspectos da cultura de um lugar tão distante, e por causa da litertura tão perto.

Estava na metade, quando vi que Mia Couto iria participar do Roda Vida, que ele estaria no Brasil lançando seu novo livro. De uma forma surpreendente ( e um pouco assustadora), aquele escritor que escolhi por acaso, estava de repente em todos os lugares! HA

Brincadeiras a parte, realmente gostei de como o livro é diferente de tudo que li. Os personagens podem ser um pouco confusos, por casa ds nomes e das aitutudes, por isso é preciso ficar atento nos tempos de cada passagem para não se perder na narrativa.

E em outro momentos, você quer simplesmente se ‘perder’ dentro da narrativa, que tem várias quotes maravilhosas,espalhadas dentro das suas mais de 300 páginas.

Aém do mais, o livro me deu inspiração para começar um projeto pessoal, que quem sabe um dia compartilho aqui.

É claro que, temos a tendêndia de escolher livros que são mais póximos do nosso gosto, mas vale muit a pena tentar a sorte e buscar outras coisas diferentes.

Quem sabe você até gosta?

Fanny Ladeira

mia_coutoMia Couto, nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955, e é um dos principais escritores africanos, comparado a Gabriel Garcia Márquez, Guimarães Rosa e Jorge Amado. Seu romance Terra sonâmbula foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX. Em 1999, o autor recebeu o prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto de sua obra e, em 2007 o prêmio União Latina de Literaturas Românicas.

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Fanny Ladeira!