Autora: Marian Keyes
Editora: Bertrand Brasil
Nota: 4,5 estrelas
Tara, Katherine e Fintan são amigos inseparáveis. Nascidos no interior da Irlanda, partiram juntos para Londres e se deram muito bem... profissionalmente, pelo menos. Pois, nas grandes cidades, o mercado amoroso está saturadíssimo! E os corações dos três, todos na faixa dos trinta e poucos anos, podem não agüentar: o de Tara já se partiu, o de Katherine está prestes a congelar, e o de Fintan pode até parar de bater. É chegada, então, a hora de gritar por mudanças... ou calar-se para sempre!
Tara namora Thomas há dois anos, mas o relacionamento é, digamos assim, morno... frio... gelado mesmo: o sexo do casal é igual a Papai Noel – não existe; porém, com muita fé, ele pode aparecer, mesmo coberto de neve, uma vez por ano. Para piorar, Thomas é um pé-rapado que vive comprando presentes ridículos para Tara: cremes para as mãos e bolsas de água quente... em promoção. E ainda por cima tem a coragem de dizer que ela está gorda – só porque seu manequim pulou de 42 para 50!
Já Katherine é uma mulher independente e equilibrada, que sempre atraiu os olhares masculinos. Sua primeira decepção amorosa ocorreu aos 19 anos, e abriu feridas nunca cicatrizadas. Hoje, ela prefere se relacionar com... vitrines de lojas de roupas ou com o controle-remoto de sua televisão. Nem Joe Roth, o colega de trabalho bonitão, que se ofereceu para ajuda-la a trocar de canal, parece interessá-la.
E Fintan, que nunca escondeu a sua homossexualidade, encontrou o equilíbrio na amizade da dupla. Esse triângulo, até então perfeito, fica a ponto de desmoronar quando ele revela que tem uma séria doença.
Com isso, as duas amigas prometem fazer tudo que o amigo pedir... e o mundo ficará de pernas para o ar! Graças às suas exigências malucas, Fintan assistirá de camarote às mudanças – para melhor, claro – nas vidas de Tara e Katherine.
“(…) Agora, deixe-me ensinar como conseguir um assado delicioso sem complicações. Instruções: vá passar o fim de semana com a sua mãe.”
Esse já é o 7° livro que leio da Marian Keyes, e me surpreendo cada vez mais com a leitura. Não sei se é qualidade dos livros, que vai evoluindo, ou se é a medida que vou amadurecendo, que as estórias vão fazendo mais sentido e me tocando de forma surpreendente.
Por exemplo, como o ótimo É agora...ou Nunca, no original Last chance saloon. Se tivesse lido ele há uns 2 anos atrás, acho que não ficaria tão tocada e emocionada com a trama.
Não porque agora tenho mais experiência de vida ( de certa forma as minhas experiência são as mesmas), mas passei a analisar as relações, namoros com mais afinco, e como alguém de fora consigo ver com mais clareza, a vida nada cheio de glamour de um relacionamento.
Sim, há casais apaixonantes, que mantém uma relação saudável. Assim como há pessoas que vivem a sua solteirice de forma coesa com as suas expectativas. Mas essas pessoas não são a maioria.
Das duas personagens principais, me peguei chorando muito com a situação de Tara. Com a sua submissão em aceitar um namorado totalmente escroto, só porque não quer ficar sozinha. Eu chore muito, porque sei que isso é uma coisa que acontece MUITO.
“(…) __ A única circunstância em que eu deixaria você passar pela frente do prédio dele é se você passasse atirando – replicou Katherine. – Agora, de volta para a cama!”
Katherine, na maior parte do livro se porta como uma solteira convicta, mas pelo menos sã dentro da sua situação. Lógico que a medida que a trama se desenvolve, vamos conhecendo o passado de Katherine, e percebendo que um grande trauma está enterrado ali.
Nos dois casos, a teimosia em continuar dentro dos seus casulos, mostra o quanto muitas vezes escolhemos continuar sofrendo, porque temos medo de encarar a realidade, os nossos medos.
O mais engraçado, é que apesar do livro se passar em Londres, é muito simples identificar amigas ou conhecidas, que passaram ou passam por uma situação parecida.
Keyes é especialista em conseguir carregar um livro que poderia sair mais melodramático do que uma novela mexicana, e o torná-lo leve e gostoso. É fácil sentar para ler umas páginas, e acabar lendo 100! Mas ao mesmo tempo, a qualidade do texto encontrado nos livros dessa irlandesa, pode ser um dos fatores para explicar porque ela faz tanto sucesso em várias partes do mundo.
É agora...ou nunca, superou as minhas expectativas e se revelou um livro magnífico, em diversos níveis. Gostei principalmente, de ver as relações de amizades que encontramos nele. Velhos amigos, amigos não tão antigos assim e e novos conhecidos, vão montando essa pilastra de amizade do grupo, que apesar dos seus tropeços, e algumas manipulações, só querem o bem de todos.
Só não gostei de como, Keyes, corre com o final. Uma coisa comum em seus livros. Demorou 550 páginas para contar a estória, gasta 20 páginas para contar o que aconteceu depois. A não ser que esteja falando das irmãs Walsh ( que sempre conseguimos mais informações nos outros livros), o resto fica um pouco vago.
No conjunto, o livro é um achado, e se torna um dos principais da 'biografia?' de Marian Keys, ao lado de Melancia. E olha que isso não é pouco!
Recomendo!
Marian Keys é uma das grandes escritoras da atualidade. É irlandesa, formada em direito e ex-alcoólatra, os seus livros fazem sucesso no mundo inteiro, e o Brasil não ficou para trás.
Os seus livros ganharam uma nova vida no mercado brasileiro, com o lançamento de alguns títulos (Melancia, Férias!?! e agora Sushi) em uma edição econômica e mais compacta que a original.
Conheça o site oficial da autora, que tem um design muito fofo: http://www.mariankeyes.com/
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Fanny Ladeira!