terça-feira, 2 de agosto de 2011

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Resenha: A Menina que Brincava com Fogo

6856475GG Livro: A Menina que brincava com Fogo – Trilogia Millennium

Autor: Stieg Larsson

Editora: Companhia das Letras

Nota: 4,0 estrelas

ATENÇÃO: Essa resenha contém spoilers, para quem não leu o primeiro livro da série, Os Homens que não amavam as Mulheres

"Não há inocentes. Apenas diferentes graus de responsabilidade", raciocina Lisbeth Salander, protagonista da trilogia Millennium, de Stieg Larsson.

Nada é o que parece ser nas histórias de Larsson. A própria Lisbeth parece uma garota frágil, mas é uma mulher determinada, ardilosa, perita tanto nas artimanhas da ciberpirataria quanto nas táticas do pugilismo, que sabe atacar com precisão quando se vê acuada. Mikael Blomkvist pode parecer apenas um jornalista em busca de um furo, mas no fundo é um investigador obstinado em desenterrar os crimes obscuros da sociedade sueca, sejam os cometidos por repórteres sensacionalistas, sejam os praticados por magistrados corruptos ou ainda aqueles perpetrados por lobos em pele de cordeiro.

Um destes, o tutor de Lisbeth, foi morto a tiros. Na mesma noite, contudo, dois cordeiros também foram assassinados: um jornalista e uma criminologista que estavam prestes a denunciar uma rede de tráfico de mulheres. A arma usada nos crimes - um Colt 45 Magnum - não só foi a mesma como nela foram encontradas as impressões digitais de Lisbeth. Procurada por triplo homicídio, a moça desaparece.

Mikael sabe que ela apenas está esperando o momento certo para provar que não é culpada e fazer justiça - a seu modo. Mas ele também sabe que precisa encontrá-la o mais rapidamente possível, pois mesmo uma jovem tão talentosa pode deparar-se com inimigos muito mais formidáveis - e que, se a polícia ou os bandidos a acharem primeiro, o resultado pode ser funesto, para ambos os lados.

Eu fiquei totalmente atraída por essa série, depois de ler o ótimo, Os Homens que não Amavam as Mulheres. Eu só demorei para pegar o segundo livro da série, porque a leitura do primeiro, foi muita intensa.

Um livro de mais de 600 páginas, com violência, abusos, e anti-heróis como protagonistas principais, resolvi esperar pelo menos um mês para voltar a mergulhar no mundo de Larsson.

A sequência, consegue superar o primeiro livro, em vários sentidos. O mais importante dele, temos a oportunidade de entrar na vida de Lisbeth, e começar a entender como funciona a sua mente.

Se isso não bastasse, ainda nos pegamos no meio de uma série de assassinatos, que vão de unir Lisbeth e Mikael Blomkvist novamente, e irá revelar vários detalhes da vida de Lisbeth, começando a  revelar que o seu passado, é mais complicado do que poderíamos imaginar.

Gostei muito de como Larsson, deu continuidade a estória. Em nenhum momento, senti monotonia lendo o livro, e apesar da extensa e complicada rede que ele vai abrindo, vamos navegando entre os pontos sem grandes dificuldades.

Ele finalmente dá mais espaço para Lisbeth, enquanto diminui um pouco o tempo passado com Blomkvist, o que me agradou, e com certeza vai agradar a todos que ficaram fascinados com a hacker.

A sua personalidade, ao mesmo tempo que é um mistério,trás um pouco de fragilidade, que nos impede de criar desconfiança dela. Assim como o Super-Blomkvist, os leitores confiam em Lisbeth.

Há muitas sequências de ação nesse livro, mas elas não tiram o brilho e atenção da narrativa. Em comparação com o primeiro livro, podemos ver que a estória evoluiu muito, mas que o sentimento de urgência apresentado no em ‘Os homens que não amavam as mulheres’ diminuiu consideravelmente.

Talvez, porque agora conhecemos os personagens, ou talvez porque agora temos a narrativa concentrada em quem interessa, então não precisamos ficar salivando e esperando pelo momento em que eles voltaram.

Ele cria um bom elo para a estória, e no final somos deixados em meio a um confusão tão grande, que a primeira coisa que irá querer quando terminar, é correr atrás no próximo e último livro da trilogia, A Rainha do Castelo de Ar.

Assim como eu fiz.

 

Fanny Ladeira

 

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Nasceu em Skelleftehamn, na Suécia, em 1954. Foi um dos mais influentes jornalistas e ativistas políticos de seu país e trabalhou na destacada agência de notícias TT. À frente da revista Expo, fundada por ele, denunciou organizações neofacistas e racistas. É co-autor de Extremhögern, livro sobre a extrema direita em seu país. Por causa de sua atuação na luta pelos direitos humanos, recebeu várias ameaças de morte. Em 2004, aos cinqüenta anos, pouco após entregar aos seus editores a trilogia Millennium, morreu, vítima de um ataque cardíaco.

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Fanny Ladeira!