Livro: Branca como o leite, vermelha como o sangue
Autor: Alessandro D’avenia
Editora: Bertrand Brasil
Nota: 5 estrelas
“Nasci no primeiro dia de aula, cresci e envelheci em apenas duzentos dias.”
Leo é um garoto de dezesseis anos como tantos: adora o papo com os amigos, o futebol, as corridas de motoneta, e vive em perfeita simbiose com seu iPod. As horas passadas na escola são uma tortura, e os professores, “uma espécie protegida que você espera ver definitivamente extinta”.
Apesar de toda a rebeldia, ele tem um sonho que se chama Beatriz. E, quando descobre que ela está terrivelmente doente, Leo deverá escavar profundamente dentro de si, sangrar e renascer para a vida adulta que o espera.
Um traço interessante na narrativa de D’Avenia é a técnica de utilizar cores para descrever os sentimentos e as sensações do menino Leo; por exemplo, o branco, sinônimo de solidão e silêncio: “O silêncio é branco. Na verdade, o branco é uma cor que não suporto: não tem limites. (...) Ou melhor, o branco não é sequer uma cor. Não é nada, é como o silêncio.” (p. 10)
Branca como o leite, vermelha como o sangue não é apenas um romance de formação ou uma narrativa de um ano de escola: é um texto corajoso que, por meio do monólogo de Leo – ora descontraído e divertido, ora mais íntimo e atormentado –, conta o que acontece no momento em que, na vida de um adolescente, irrompem o sofrimento e o pesar, e o mundo dos adultos parece não ter nada a dizer.
“Odeio o Sonhador, porque ele me ferra sempre, me desperta a curiosidade. A ignorância é a coisa mais confortável que eu conheço, depois do sofá da minha casa.”
Eu adoro, quando pego um livro, sem esperar muito, e totalmente me apaixono.
Não que a capa, ou a sinopse do romance de estréia de Alessandro D’Avenia, não deixe com água na boca. Porém, como foi lançado a pouco tempo, ainda não teve ninguém me recomendando, então foi sem saber que peguei, despretensiosamente esse livro, e me apaixonei.
A estória pode soar um pouco batida, mas ela só soa mesmo, porque é tão diferente, interessante e marcante que vai nos encantando a cada capítulo.
Um dos fatores que achei interessante, é como D’Avenia, coloca detalhes sobre a vida na Itália, nos deixando a par de alguns dos seus costumes, músicas e poemas, mas mesmo assim, sentimos como se fosse uma estória que poderia se passar no nosso país, na nossa cidade, conosco.
Leo é inteligente, irônico, sarcástico e não consegue perceber o quanto é brilhante. Ele também tem uma pontinha de inocência e um jeito diferente de ver a vida, que não dá para não encantar.
Fico encantada com o fato, dele me ter feito chorar, pensar sobre vários aspectos da minha vida, fazer referências com cultura pop, e em vários momentos me fez rir muito. Muito mesmo!
“Não sei se meu pai virou Alvo Dumbledore ou o Doutor House,mas o fato é que compreendeu perfeitamente como estou.”
Adoro como ele descobre várias pontos importantes da vida, mas sem parecer maçante ou fora do personagem, é a vida que vai passando, lhe mostrando do que ela é feita, e com a ajuda de um professor especial, vai aprendendo a viver, com as coisas boas e com as ruins.
“(…) De vez em quando olho o céu e meus dedos apóiam nas rugas seculares desta árvore que é forte, que é solida, que é feliz no coração do parque. É uma árvore, e vive como árvore: afunda suas raízes na água do rio vizinho e cresce. Segue sua natureza. Este é o segredo da felicidade: Ser você mesmo e ponto. Ser aquilo que você foi chamado a ser.”
A capa além de linda, e aveludada (o mesmo efeito da capa de Fallen), é mais fácil de sujar, só que é tão gostosa! Outro ponto a favor dessa obra, é a sua maravilhosa diagramação, o cuidado que foi tomado também com essa parte, foi perfeito! (Iria tirar fotos para colocar aqui, mas a minha câmera está sem batéria =/)
Ao lado podemos ver a capa da versão italiana, a nossa brazuca tá mais bonita!
Para falar a verdade, a nota dele ali em cima, não está totalmente correta. Ele não chega a ter o potencial de ganhar o nosso selo de excelência, entretanto chegou perto, muito perto. A nota dele seria: 5,5 estrelas.
Não definiria esse livro como YA, apesar de ser extremamente bom para a faixa etária, e sim como um livro de aprendizado. Não importa se você tem 12 anos e está começando na adolescência, ou se você tem 70 e está começando a usar dentadura! Sempre há o que aprender, sempre há um caminho diferente e uma nova abordagem, para se ver o mundo.
E porque não deixar, Leo e as sua fixação pelas cores, que resultaram no magnifico Bianca come il latte, rossa come il sangue, mostrarlo a voi?
Super Recomendo!
Alessandro D’Avenia, é italiano, licenciado e doutor em Letras Clássicas, ensia Letras e é roterista. Branca como o leite, vermelho como o sangue é o seu primeiro romance.
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Fanny Ladeira!