segunda-feira, 4 de julho de 2011

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Resenha: Não Há Silêncio que não Termine

12838_ggLivro: Não há Silêncio que não termine

Autora: Ingrid Betancourt

Editora: Cia das Letras

Nota: 5 estrelas

Filha de uma tradicional família colombiana, educada na Europa, Ingrid Betancourt resolveu abandonar a segurança de uma vida confortável para dedicar-se aos problemas de seu conturbado país.


Elegendo-se sucessivamente deputada e senadora, Ingrid fundou em 1998 o partido Oxigênio Verde, com o objetivo de trazer novas esperanças à política colombiana, marcada pela violência sectária e pela corrupção.

Interessada em promover o diálogo entre as diversas facções da guerra civil que há décadas dilacera a Colômbia, a jovem senadora resolveu em 2001 lançar sua candidatura às eleições presidenciais.
No ano seguinte, durante uma viagem de campanha ao único município governado por um prefeito de seu partido, a candidata - então mal colocada nas pesquisas - foi seqüestrada por um comando das Farc, junto com diversos assessores e seguranças, num episódio até hoje mal explicado. Levada para o interior da selva em inúmeras viagens de barco, caminhão e marchas a pé, Ingrid se viu repentinamente desligada do convívio dos amigos e da família, isolada do mundo exterior em meio a guerrilheiros fortemente armados.

A autora de Não há silêncio que não termine passaria mais de seis anos em poder das Farc. Sua visível agonia, documentada por cartas e “provas de vida” em vídeo, bem como sua libertação numa célebre e cinematográfica operação do Exército colombiano, em 2008, chamaria novamente as atenções do mundo para o conflito que
atualmente ameaça a paz no continente sul-americano. Este livro é o relato contundente de sua experiência como prisioneira da guerrilha narcotraficante, em meio à fome, à doença e às humilhantes condições impostas pelos seqüestradores.

Decidida a recuperar sua liberdade a qualquer custo, Ingrid tentou escapar diversas vezes, sendo invariavelmente recapturada pela guerrilha, faminta e perdida na selva.

Obrigada ao convívio quase permanente com os companheiros de seqüestro, a autora relembra a rotina tensa do cativeiro, em que a posição de um colchão ou uma suspeita de favorecimento na distribuição de comida geravam desentendimentos por vezes violentos. Ingrid revisita os diversos acampamentos, mais ou menos provisórios, em que foi mantida prisioneira, associando-os às figuras sinistras dos diversos captores e carcereiros que fizeram parte de seu cotidiano ao longo dos
anos.

Esse não é livro curto, passa longe disso, e chega em quase 600 páginas.

Esse não é um livro fácil. Narrando uma situação de cativeiro, somos diversas vezes, testemunhas de momentos em que a humanidade é deixada de lado, para dar espaço para a humilhação.

E o pior, esse não é um romance, e sim um relato biográfico, de uma pessoa que viveu, e que conseguiu sobreviver para contar a sua triste e tenebrosa experiência.

Quando lemos livros como Cidade do Sol e O caçado de Pipas, tentamos imaginar como é viver em uma situação dessas. Como é morar em um país onde uma força que desafia até mesmo o governo, pode ter tanto poder em sua população?

Ingrid_Betancourt-2-cativeiro_thumb9Ficamos ultrajadas, por ter um lugar, onde mulheres são condenadas a ter que se esconder, debaixo de burcas, e que pessoas de bem, sofrem todos os dias.

Enquanto mergulhamos nos problemas do Oriente Médio, esquecemos, ou preferimos ignorar o fato que dentro do nosso próprio continente, e ajudado por importantes pessoas, há inocentes, também sofrendo todos os dias.

Quando Ingrid Bittencourt, foi solta em 2008, eu tinha ouvido poucas vezes o seu nome, e depois que elas foi solta, e a cada dia que passa, o povo vai esquecendo novamente, o seu nome.

Em Não há silêncio que termine, livro que relata em detalhe minuciosos os dias, e todos os tipos de cativeiros que ela passou, é um manifesto para relatar o que ela passou, e para alertar o que muitos ainda passam. É uma tentativa, para que tudo não seja jogado em um canto.

Em seu relato, Ingrid, derruba a tese de que os prisioneiros das FARC’s são bem tratados, ela inclusive relata que eles nem tem os medicamentos necessários.

E um dos grande apoiadores dessa guerrilha? Nosso querido e amado, Hugo Chavés. Que vai contra a sua população, e que mesmo assim é considerado um gênio e revolucionário por muitos.

Eu não acredito em vingança, não acho que entrar em seu gabinete, e mata-ló fara algum bem para derrubar o que ele prega, muito pelo contrário, só vai torna-lo um mártir. Porém, eu acredito em Karma ("Se praticou o mal então receberá de volta um mal em intensidade equivalente ao mal causado"), e essa semana o presidente venezuelano, afirmou que tem um câncer maligno. Karma.

A FARC’s tem um história perturbada, e perdeu até mesmo uma mesada que o governo cubano enviava no final da década de 80. Eles conseguiram reverter a situação, fabricando e controlando a cocaína fabricada no país.

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Ingrid após o seu resgate.

Sabe aqueles itens, que diversos brasileiros querem liberar, porque estamos em um “país democrático”? Pois, é.

As FARC’s nos últimos anos, conseguiram mais de 600 MILHÕES de dólares, com o dinheiro da venda de drogas. Dinheiro que financia uma boa vida para os seus cabeças, e que compra armas, e monta um exército.

Aí, alguém vai dizer, mas se legalizar, o dinheiro não vai ir para as mãos dos guerrilheiros. Você tem certeza disso? Nesse país, que até o dinheiro de merenda das crianças é desviado para comprar casa na praia?

Sabe o que fico impressionada? Ninguém faz marcha para melhorar a educação, para melhorar a saúde, para combater a corrupção. Mas eu tenho que ter a liberdade de poder protestar se eu quero usar maconha.

Vivemos em uma democracia, você faz o que quiser da sua vida. Mas depois não venha reclamar que a educação está um lixo. Nós não temos hospitais nem para atender a população normal! ISSO é que deve ser motivo de protesto!

[Respira Fanny]

Voltando ao livro, Ingrid que teve uma boa educação, tentou durante todo o tempo se manter sã, e tentar não esquecer tudo aquilo que ela aprendeu. Em meio a abrigos improvisados, cochos abertos e marchas que duravam meses na selva, ela tentou não perder aquilo que parecia faltar em seus carcereiros: a sua humanidade.

E um ponto que está muito claro em todo o livro, que a pior coisa que alguém pode tirar de você, é a sua liberdade. O seu direito de ir e vir.

É extremamente complicado, encontrar informações mais precisas sobre o grupo. Há maioria dos dados, data de dois anos atrás.

Entretanto, é imprescindível que, nós como jovens que lutamos contra esses abusos, e que como temos o poder de comunicar e disseminar informações, possamos também falar de questões importantes.

Já sabemos que o mundo não é um conto de fadas, e está na hora de lutar contra o lobo mal.

Fanny Ladeira

ingrid_6_300x400Nasceu em 1961, em Bogotá. Graduada no Institute d'Études Politiques de Paris, ex-deputada e ex-senadora, era candidata à presidência da Colômbia nas eleições de 2002 quando foi seqüestrada pelas Farc. Depois de mais de seis anos de cativeiro na selva, Ingrid foi libertada em julho de 2008.

 

 

*A sinopse do livro, foi adaptada da original, presente no site da Cia das Letras.

2 comentários:

  1. Esse parece ser um livro e tanto. Gostaria muito de lê-lo; acho que todos temos muito a aprender e a refletir/questionar a partir do relato de Ingrid Betancourt.

    Bj,
    escrevendoloucamente.blogspot.com

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  2. Parece ser um livro tão bom! Adorei o post, Fanny!


    Beijos.
    @mariaclarabruno
    www.coffeesandbooks.com

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Fanny Ladeira!