quarta-feira, 4 de maio de 2011

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Resenha: O Dia do Curinga

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Livro: O Dia do Curinga

Autor: Jostein Gaarder

Editora: Cia das Letras

Nota: 5 Estrelas

No próximo acordo ortográfico literário mundial, a frase "Um ótimo livro de Jostein Gaarder" será considerado um pleonasmo.

Eu ainda estou esperando (mas claro não estou querendo encontrar),ler um livro de Gaardner que não tenha aquele toque a mais.

Honestamente, eu acredito que temos uma maravilhosa oportunidade de sermos contemporâneos desse incrível escritor, e de quebra um filosofo moderno.

 

"Um Curinga é um pequeno bobo da corte; uma figura diferente de todas as outras.

Não é nem de paus, nem de ouros, nem de copas, e nem de espadas.

Não é oito, nem nove, nem rei e nem valete.

É um caso à parte; uma carta sem relação com as outras.

Ele está no mesmo monte das outras cartas, mas aquele não é o seu lugar.

...Por isso pode ser separado do monte sem que ninguém sinta falta dele."

E em, O Dia do Curinga, livro lançado em 1996, de Jostein Gaarder esse quadro não se altera.

Nesse somos apresentados a um garoto chamado Hans-Thomas e seu pai, que cruzam a Europa, da Noruega à Grécia, à procura da mulher que os deixou oito anos antes. No meio da viagem, um livro misterioso desencadeia uma narrativa paralela, em que mitos gregos, maldições de família, náufragos e cartas de baralho que ganham vida transformam a viagem de Hans-Thomas numa autêntica iniciação à busca do conhecimento - ou à filosofia.

O Dia do Curinga é a história de muitas viagens fantásticas que se entrelaçam numa viagem única e ainda mais fantástica - e que só pode ser feita por um grande aventureiro: o leitor.

 

" Só que eu nunca consegui entender porque ela não pôde fazer isso dentro de casa mesmo em Arendal, ou então porque não se contentou com uma viagem até Kristiansand. Meu conselho para todos os que querem se encontrar é continuarem bem onde estão. Do contrário, é grande o risco de se perderem para sempre.”

É maravilhoso ler um livro sobre a perspectiva de uma criança, e esse não é diferente. Com os olhos inocentes mas cheios de curiosidades e uma visão única do mundo, é quase como se estivéssemos tendo essas experiências pela primeira vez.

Quando pai e filho saem da Noruega, rumo a Grécia, é impossível não curtir com eles essa viagem, e também não ter dó do pequeno Hans-Thomas, que teve que se tornar um pequeno adulto devido ao comportamento dos pais.

Hans é o espirito do livro, que trás um outro livro dentro dele, que na verdade aparece dentro de um pãozinho.

Explico, enquanto estão na Suíça, Hans conhece um padeiro, que devido a um objeto diferente que ele trás, resolve compartilhar com ele um dos segredos mais bem guardados do povoado.

E por mais que a viagens e as conversas com o pai sejam importantes para o trajeto, e a transcrição desse pequeno livro, lido em segredo por Hans que trás os elementos de filosofia mais fortes.

De viagens incríveis por oceanos, chegando em uma ilha confusa comandada por um antigo marujo, que tem como o seu povoado, cartas de baralho em formas de pessoas.

Tudo muito confuso não? Mas nada que te impeça de mergulhar de cabeça nos dois livros.

O título “O dia do Curinga” tem haver com eventos de ambas as estórias, que se complementam ao longo das 346 páginas.

Outro fator interessante, mostrado no livro, é a reação e o preconceito que as mulheres, que se envolveram com os Nazista, durante a 2° Guerra Mundial, sofreram. Eu nunca vi  esse lado sendo explorado em algum livro, e é exatamente, o que desencadeia todos os eventos deste.

"Uma questão interessante, por exemplo, é sabe por quantas gerações se estende a pena por um delito. É claro que minha avó teve a sua parcela de culpa na gravidez, coisa que aliás nunca contestou. Um pouco mais díficil, a meu ver, é saber se também é correto punir o filho."

Muitas pessoas já leram algum livro do Jostein. E a maioria dessas pessoas leram "O Mundo de Sofia", que é um livro esplêndido, e por favor, não leva a mal as minhas próximas palavras, mas não é nem de perto, o melhor livro de sua carreira.

Sim, tem um grande aprofundamento filosófico, e eu pensei seriamente em fazer faculdade de Filosofia, motivada pelas grandes histórias e questionamentos levantados por esse livro.

Mas há vários outros livros do autor, que apesar de serem mergulhados em questões filosóficas do começo ao fim, trazem ainda uma estória maravilhosa junto. Eu já resenhei o Através do Espelho, e pretendo colocar nos próximos meses outras resenhas de seus livros.

Enquanto isso,que tal ir correndo atrás de uma cópia de O Dia Do Curinga, e começar mas essa jornada dentro das ideias de Jostein?

E se depois desse livro, você não sentir que é um Curinga, sinto muito mas você fará parte do meu naipe! HA!

Gode ​​Les!

Curiosidade: Durante a Bienal de São Paulo, o autor revelou que passou a receber curingas de todo o mundo, depois do lançamento desse livro. Agora ele também tem a sua própria coleção de curinga.

 

Jostein Gaarder é Norueguês, e foi professor de Filosofia durante muitos anos, o seu livro de maior sucesso e reconhecimento foi O mundo de sofia, que fala exatamente sobre filosofia. Mas escreveu diversos outros romances que lidam com questões da vida. Pessoalmente, ele é uma graça, divertido e só posso sonhar como seria ter um professor de filosofia com ele.

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Fanny Ladeira!