Eu nunca assisti aos filmes antigos de Woody Allen. Só cheguei até “Todos dizem eu te amo’ e parei por ali, porque apesar de ser um grande diretor a sua narrativa não me encantava. Desde que ele resolveu abandonar as ruas de NY, e trocar o cenário de seus filmes, o sopro de ar puro que entrou na sua filmografia, me atingiu.
Match Point, Scoop, o ( maravilhosooooo) Vicky Cristina Barcelona, e agora Meia Noite em Paris, mostram que a mudança de ares fez muito bem para a criatividade de seus filmes.
Meia Noite em Paris, é um filme para gosta de viagens, para quem gosta de literatura, para quem gosta de pintura, para quem gosta de história, para quem gosta Paris, para quem gosta de aventuras nostálgicas.
É um filme também para quem um dia se imaginou vivendo em uma época diferente, rodeado dos seus ídolos.
Ou seja, a não ser que você more debaixo de uma pedra, algum ponto desse filme será apaixonante para você.
“Essa Paris existe, e porque alguém que pudesse escolher, viveria em outro lugar, sempre vai ser um mistério para mim.”
Gil (Owen Wilson) sempre idolatrou os grandes escritores americanos e quis ser como eles. A vida lhe levou a trabalhar como roteirista em Hollywood, o que se por um lado fez com que fosse muito bem remunerado, por outro lhe rendeu uma boa dose de frustração.
Agora ele está em Paris ao lado de sua noiva, Inez (Rachel McAdams), e dos pais dela, John (Kurt Fuller) e Helen (Mimi Kennedy). John irá à cidade para fechar um grande negócio e não se preocupa nem um pouco em esconder sua desaprovação pelo futuro genro. Estar em Paris faz com que Gil volte a se questionar sobre os rumos de sua vida, desencadeando o velho sonho de se tornar um escritor reconhecido.
Eu nunca fui fã de Owen Wilson, não considero ele nem um mal ator, nem um ótimo ator, mas ele caiu como uma luva para esse papel. Gil é sonhador, e em alguns momentos ingênuo, o que Wilson consegue tirar de letra! Acho que ele tem um sorriso apaixonante e olhos cativantes, o que juntando tudo, formou um ótimo conjunto nesse filme.
O elenco de apoio também fenomenal, Rachel McAdams, Michael Sheen, Marion Cotilard , Corey Stoll , Kathy Bates e Adrian Brody, dão o suporte para o filme, e acabam em vários momentos roubando a cena, principalmente Marion Cotilard.
E se preparem: Ernest Hemingway dá o ar a graça nesse filme, assim como F Scott Fitzgerald, Zelda Fitzgerald , Pablo Picasso, Salvador Dali, e tanto outros personagens marcantes da Paris da década de 20.
Mas o grande triunfo desse filme está no roteiro, que teria tudo para cair no piegas, mas evita com maestria. Tem várias lições jogadas no meio dos diálogos, que fica complicado até mesmo se lembrar de todas, mas que cada uma traz um significado especial. A mais forte, é a necessidade de estarmos satisfeitos com a nossa realidade:
“Nostalgia é uma fuga – fuga do presente doloroso… o nome para essa negação é idealização da era de ouro - a noção incorreta de que um período especifico é melhor do que o que você vive – é um escape para a imaginação romântica das pessoas que tem dificuldade em conseguirem lidar com presente.”
Um dos momentos mais interessantes do filme, Inez descreve para o casal Paul e Carol, a estória do livro que Gil está escrevendo, revelando minúcias do personagem principal, sem perceber que está descrevendo o próprio namorado . A sacada desse momento, e deixar a câmera flutuar para Gil, mostrando ele isolado do grupo, e como pano de fundo, essa conversa.
Nem preciso falar que o cenário escolhido é show! E Woody foi bem despretensioso, e colocou lugares marcantes e conhecidos na tela, como Versalhes, A Ponte Neuf, A praça atrás de Notre-Dame, e o Museu Rodin.
A direção é característica do Woody Allen, e adoro como temos a impressão de que o atores tiveram liberdade dentro das suas atuações. O único que achei um pouco 'duro' foi o Corey Stoll que interpreta Ernest, talvez porque o papel seja de tão grande peso.
A trilha é quase nula, e não demonstra muita personalidade, apesar de ser bem ligada ao clima parisiense.
Também não conheço com muitos detalhes a vida boêmia de Paris na década de 20, então não saberia reconhecer o quanto foi adaptado para o melhor desenvolvimento do filme, por isso, se tem algum apreciador, que sabia diferenciar os pontos reais, pode deixar nos comentários, que nós adicionamos a esse review.
O produto final, é um filme que não chega a ser um clássico, mas fica longe de ser dispensável.
Boa Sessão!
Próxima sessão: Melancolia
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar!
Agora peça um delicioso prato ao nosso chef, e continue a sua visita pelo O Restaurante do Fim do Universo.
Fanny Ladeira!