segunda-feira, 18 de abril de 2011

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Resenha: Reinações de Narizinho

Reinações de Narizinho - Monteiro Lobato Livro: Reinações de Narizinho
Autor: Monteiro Lobato
Editora: Brasiliense ( minha cópia é antiga!)
Nota: 3,5 estrelas


Eu adoro livros infantis, eu já falei isso aqui? Não? Pois então, EU ADORO!

Há tantas coisas boas que podemos tirar desses livros, que fica difícil até mesmo escrever resenhas sobre eles,essa dificuldade não está ligada ao tamanho, muitas vezes reduzidas dessas obras, mas porque são livros que se tornam automaticamente pessoais, no momento em que a pessoa começa a ler.

Reinações, narra bem o começo de todos os personagens, que irá popular as estórias, dos outros livros sobre o sitio.

Sabe porque a Emília fala tanto?

Se não, então vá ler Reinações que vocês vão descobrir.


"— Ela ficou ainda quase uma hora metida dentro da casca, toda
arrebentadinha, movendo ora uma perna, ora outra. Afinal parou. Tinha morrido.
Vieram as formigas cuidar do enterro. Olharam, olharam, estudaram o melhor meio
de a tirar dali. Chamaram outras e por fim deram começo ao serviço. Cada qual a
agarrou por uma perninha e, puxa que puxa, logo a arrancaram de dentro da
jabuticaba. E foram-na arrastando por ali afora até à cova, que é o buraquinho onde
as formigas moram. La pararam à espera do fazedor de discursos...
— Orador, Emília!
— FAZEDOR DE DISCURSOS. Veio ele, de discursinho debaixo do braço,
escrito num papel e leu, leu, leu que não acabava mais. As formigas ficaram
aborrecidas com o besourinho (era um besourinho do Instituto Histórico) e apitaram.
Apareceu então um louva-a-deus policial, de pauzinho na mão. “Que há?” —
perguntou. “Há que estamos cansados e com fome e este famoso orador não acaba
nunca o seu discurso. Está muito pau”, disseram as formigas. “Para pau, pau!” —
resolveu o soldado — e arrolhou o orador com o seu pauzinho. As formigas, muito
contentes, continuaram o serviço e levaram para o fundo da cova o cadáver da
vespa. Em seguida apareceu uma trazendo um letreiro assim, que fincou num
montinho de terra:
“AQUI NESTE BURACO JAZ UMA POBRE
VESPA ASSASSINADA NA FLOR DOS ANOS
PELA MENINA DO NARIZ ARREBITADO.
ORAI POR ELA!”"

 

Aproveitando a deixa, posso falar que AMO a Emília? Ela é tão desbocada, inteligente e faladeira, que eu sempre amei essa bonequinha de pano.

O que mais gosto das estórias do sítio, são as narrações sobre a vida nas fazendas.

Eu cresci, no interior de Minas, mas sempre morei na cidade, e poucas vezes tive a oportunidade de ir conhecer a vida em um sítio realmente, então para mim, as estórias sempre tiveram aquele gostinho de um lugar que você conhece, mas que não conhece tão bem.

Então, lógico que as estórias faziam sentido! Quer dizer, para uma criança há poucas coisas que não fazem sentido..

Quer dizer eu sempre duvidei do Papai Noel e fazia perguntas, que hoje imagino que meus pais tiveram muita dificuldade em responder, mas uma boneca de pano que fala? Ahh isso tinha que existir.

Recomendo muito esse livro para quem gosta das estórias de Lobato, e mesmo para quem nunca leu as estórias, é um bom lugar para começar.
Não chega a ser o meu livro favorito da série, esse título fica para A Chave do Tamanho, um maravilhoso livro, que aborda de forma quase ingênua as Grandes Guerras, mas é uma boa diversão.

E eu admiro, um escritor que consegue citar pensador como Rousseau, em um livro infantil, mesmo que seja por cima.

Mas que um clássico infantil brasileiro, esse é um clássico de várias gerações brasileiras, e que tal não mudarmos isso?


Fanny Ladeira

 

monteiro-lobato-3 Monteiro Lobato, nasceu no dia 18 de abril de 1882 e morreu no dia 4 de julho de 1948, a fazenda onde morava em Taubaté foi transformada em museu, e hoje em dia recebe visitações de escolas e viajantes. E assim, com o interesse pela obra do autor, e a tentativa de unir diversas gerações em torno das estórias atemporais, a antiga fazenda, ganhou um nome apropriado: Sítio do Pica-Pau Amarelo.

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Fanny Ladeira!