quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

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Especial Jane Austen: Relatos de uma vida



Quando você pega, qualquer livro, é comum ter uma breve apresentação do autor da obra.

Nos livros de Jane Austen, isso também acontece, embora não em todas as edições, e podemos saber algumas coisas sobre a autora.

Em alguns vêm poucas informações, só local de nascimento, o fato dela ter sido uma escritora em uma época em que, as mulheres não eram bem vistas nessa profissão, entre outras coisas.
Você pode ter a sorte, de encontrar alguma edição, que resalte que ela teve alguns interesses amorosos, ou que o seu pai era um clérigo que incentivou desde cedo a leitura na vida da sua filha.

Porém há uma história por trás desse grande escritora, e tendemos a aceitar o que está escrito ali e começamos a ler o livro, com a imagem montada dela, mas apesar da fidelidade, são pulados vários detalhes da vida de Austen, detalhes importantes.

Detalhes, que definiram ela, como uma das maiores romancistas de todos os tempos

Relatos de uma vida


Jane Austen nasceu no dia 16 de dezembro de 1775, em Steventon, filha de um clérigo ela cresceu cercada de livros. Tanto ela, quanto seus irmãos sempre tiveram acesso a vários livros desde pequenos através da biblioteca de seu pai, George, que chegou a possuir mais de 500 livros, e era considerado por todos um cavalheiro cheio de conhecimento.

A família, apesar dos pais serem de boas famílias, não possuíam grandes posses, mas na época de Austen, ser um cavalheiro, ou uma filha de cavalheiro, era tão valioso quanto.

Sendo a 7° filha de George e Cassandra ( mais chamada de Leigh), ela era equalizada de acordo com a situação de seu pai. Para os irmaõs a vida sorriu, com acesso a universidades, e sendo apadrinhados por pessoas importantes e influentes, os filhos homens foram todos capazes de conseguir uma posição na sociedade. Sendo que somente o 8° filho, foi enviado para morar em uma comunidade, devido a uma deficiência apresentada.

Dos 8 filhos, Jane e Cassandra eram as únicas filhas mulheres, e por serem mulheres, não podiam se dedicar a nenhuma profissão, e enquanto os seus irmãos eram promovidos e cada vez mais aumentavam as suas fortunas, as duas viveriam com apenas 20 £ durante um ano inteiro, para gastar com elas e dar para a caridade.

Quando adolescentes, as duas foram enviadas para Oxford, para terem aulas com uma tutora, mas tiveram que voltar quando Jane ficou muito doente, e chegou próximo da morte. Depois elas seriam enviadas para a Abbey House School em Reading, porém permaneceriam por pouco tempo, sendo depois instruídas pela própria família.

Apesar de ter tido essa educação pouco formal, isso não pareceu afetar muito as meninas, principalmente Jane, que sempre acreditou, que a educação formal era um pouco ultrapassada, mesmo para os homens.

Quando finalmente se tornaram adultas, as duas irmãs se viram financeiramente dependentes do pai, e como esperado, olharam para o outro lado, em busca de um casamento.

Cassandra chegou a ficar noiva de clérigo, que morreria algum tempo depois de febre amarela, na Jamaica. Para Jane, o amor surgiu na forma de um irlandês, Tom Lefroy.

Para muitos historiadores, Tom Lefroy, foi o grande amor da vida de Jane Austen, e grande inspiração para a os seus mocinhos. Lefroy, era sobrinho de uma vizinha da família Austen, que fez questão de despachar o rapaz, antes que as coisas ficassem mais sérias.

Austen depois seria pedida em casamento, mas não por Lefroy, e até chegou aceitar, porém mudou de idéia no dia seguinte.

Desde pequena Jane amou escrever, até mais do que a própria leitura. Ela adora escrever contos e estórias, que depois eram lidas para toda a família. O seu estilo já estava caracterizado desde o começo: ela adorava escrever estórias com um tom de ironia.

Aos catorze anos ela escreveria a sua primeira novela," Love & Friendship", mas foi dois anos depois que ela terminaria, Catharine or The Bower, que depois de transformaria em Susan, e por fim foi chamada de A Abadia de Nothanger.

Os seus romances sempre tiveram a intenção de parecer simples tramas, sem se verterem muito para o lado pirotesco, esse estilo, ela depois revelaria que era, inspirado nos trabalhos de Walter Scott.

Em 1975, após terminar um esboço do que seria um dia "Lady Susan", ela entregou a seu pai o seu primeiro romance completo, First Impressions, que anos depois, após algumas adaptações, se tornaria Orgulho e Preconceito.

Na mesma época, ela terminaria a primeira a primeira versão de Razão e Sensibilidade, em 1977.

Em 1803, "A Abadia" seria o primeiro livro seu a ser vendido por 10£, animada com a sua venda, Jane começou a trabalhar em outro romance, "The Watson", porém livro só seria publicado anos depois após a sua morte. O pai a alguns anos antes, havia passado a propriedade de Steventon para o filho, George, e resolveu instalar com a família em Bath.

Segundo as cartas de Jane para Cassandra, ela nunca gostou muito da cidade, e permaneceria por lá durante cinco anos, até que pai faleceria.

Chocada e abalada pela perda, Jane abandonou o livro, que seria publicado inacabado após a sua morte. No livro de memórias, feito pelo um de seus sobrinhos, a razão dada para que o livro não tivesse sido terminado, seria o fato de a narrativa ter sido considerada um pouco vulgar por Austen, que resolveu abortar o projeto.

Depois da morte de seu pai em 1805, a vida de Jane se tornou ainda mais difícil economicamente,. As três mulheres, mãe e filhas, se viram em uma situação aonde estavam desprovidas de dinheiro, havia um pouco, mas nada que pudessem leva-las a manterem o estilo de vida original.

Em um momento, elas resolveram convidar um vizinha querida de Bath, que era viúva e também estava em uma situação precária, para poder viver com elas, assim todas poderiam tentar viver um pouco mais confortavelmente. Durante esse período não há nenhum registro de novas escritas, feitas por Jane, embora seja pouco provável que ela tenha passado todos esses anos sem nada a escrever. Não dá para tentar imaginar o quanto deve ter sido difícil, para elas viverem de esmolas dadas pelos irmãos, porque elas simplesmente não poderiam trabalhar.

A situação das 4 mulheres só iria melhorar, quando em 1809, o filho Edward, as convidassem para morar em um chalé em sua propriedade em Chawton, que hoje é o Museu de Jane Austen. Mas não pensem que foi uma atitude de bom grado do irmão, mas sim uma resolução imposta já que a mulher acabará de falecer, e ele se viu sozinho para criar 11 filhos.

Jane, finalmente livre de preocupações financeiras voltou a escrever. Ela não era mais a menina boba de Steventon, mas uma mulher amadurecida que já havia passado por várias situações, que podem ser classificadas como constrangedoras, e que apesar de tudo continuava a escrever.

Nós próximos anos ela iria publicar a maioria dos seus livros apesar de não ganhar nem 50% do valor que era pago para outros escritores da época. O seu livro mais lucrativo enquanto ela estava viva foi Razão e Sensibilidade que foi vendido por 310£.


Austen desenvolveu no final de 1816, a Doença de Addison, embora na época não houvesse esse conhecimento, ela ainda aguentaria começar um novo romance Sandition, porém pararia em 18 de março do mesmo ano, com uma marca no final que ela mesma, fez questão de fazer.

Em maio, ela foi transferida para Winchester aonde ficaria até o final da sua vida. Segundo relatos da sua irmã Cassandra, Jane sofria uma dor excruciante e chegava a afirmar que "eles não sabiam a dor que ela passava'.

Ela seria enterrada na Catedral de Winchester, onde permanece até hoje.

Até o final da sua vida, continuou a escrever, e o seu último poema, escrito pela sua sobrinha, Caroline, foi uma brincadeira a respeito da chuva que caía, nesse poema, um santo declara antes de pular do telhado:

"Quando eu for enterrado, você pensará que eu estou morto,
Mas além disso, eu sou imortal"

Fanny Ladeira

3 comentários:

  1. otima a história parabens! Jane é magnifica, e você conseguiu transmitir cada detalhe!!

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  2. Eu também queria uma biblioteca dessas!!!
    Ei, diz que ela não gostava de Bath, me lembrei de Anne em Persuasão, que não queria ir morar lá. E também lembrei de Razão e Sensibilidade, que a situação financeira delas piora quando o pai morre. É interessante descobrir detalhes da vida dela para fazer esses paralelos!
    Bjs
    11 filhos! UAU.

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Fanny Ladeira!