segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

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Especial Jane Austen: Porque amamos Jane?



Verdade seja dita, durante essa semana de homenagem a Austen, não foi deixado nenhum comentário preconceituosos ou até mesmo um pouco severo sobre a autora. Talvez isso demonstra que o seus críticos não estão tão atentos ou simplesmente não querem perder o seu precioso tempo falando mal dela, ou talvez seja só porque eles não conseguiram achar.

Não vamos se fantasiosas, há aqueles (e são muitos) que não gostam das obras de Jane, Mark Twain, uma grande escritor americano considerava ela uma má escritora, e até mesmo Charlotte Brönte, tinha uma opinião muito forte contra a obra de Jane, alegando que ela rejeitava a paixão em seus livros.

Em suas obras, as heroínas somente encontram a felicidade depois de terem passado algum tipo de provação, e depois que descobrem as verdades os seus sentimentos são alterados, assim como acontece com Elizabeth Bennet, em Orgulho e Preconceito, que após descobrir a verdadeira faceta de Wickman perde todo o seu interesse pelo rapaz! Não há ninguém morrendo de amor, ela podem sofrer, mas é como se nada estivesse acontecendo

As heroínas, assim como Elizabeth, são espectadoras do seu universo, e comprometem a fazer a parte de observação e assim podem avaliar o seu meio de forma mais fácil e coesa. Em seus livros, Jane também insere um pensamento muito defendido por ela, que a educação formal tem pouca influência sobre a pessoa·

Emma Woodward, do livro Emma, é espirituosa e inteligente, porém a sua pilha de livros só cresce enquanto ela se preocupa mais em aprender com o meio, e o mesmo acontece com os Bennet, se formos pensar em quem seria a mais inteligente em matéria de leituras, teríamos que falar Mary, porém enquanto Mary fica preocupada em somente ler, Lizzie lê e depois vai observar e viver a vida, e é aí que reside toda a diferença.

Tenho certeza que se fosse viva, Jane seria uma dessas celebridades que tem Twitter mas só atualiza uma vez ou nunca, porque ela estaria preocupada em viver! Mas acredito que apesar de ter tornado as pessoas um pouco fechadas, a Internet de certa forma nos ajuda a aproveitar mais a vida, só é preciso encontrar um equilíbrio, que tudo fica certo.

Mas ao mesmo tempo estamos falando de uma escritora, que nunca consertou a porta de entrada que rangia para poder esconder o que está escrevendo, uma escritora que viveu com a mãe, a irmã e depois mais tarde com 11 sobrinhos e que mesmo assim parecia manter a calma e a disposição, estamos falando de uma escritora que aceitou em se casar, para no outro dia mudar de opinião.

Mesmo que tivesse uma maior base de conhecimento a respeito de Jane, não podemos definir ao certo que tipo de mulher ela era. Sabemos o básico: que ela era afeituosa, tranquila e divertida, porém o íntimo, ela com todos os seus pensamentos sempre será um mistério.

Eu honestamente, acredito que quando ela foi pedida em casamento, ela aceitou, porque se sentiu lisonjeada com a proposta e entusiasmada com a perspectiva, além de que, nas palavras de Charlotte Lucas "Eu tenho 26 anos e já sou um peso para o meu pai", porém na hora em que foi dormir e conseguiu finalmente colocar os seus pensamentos em ordem, ela percebeu que ela nunca seria totalmente feliz.

Talvez Chartlotte, é aquilo o que ela deveria ter sido, uma boa mulher que aceitou a proposta de casamento de uma homem de respeito, mesmo que ele não seja o homem dos sonhos, mas Charlotter Lucas não é a heroína da estória. A grande heroína é Lizzie, que rejeitou a proposta de um homem de respeito, mesmo sabendo que poderia nunca receber outra, simplesmente porque não poderia aceitar viver uma vida assim.

E aqui estamos nós de novo, ligando a personalidade de Lizzie a Jane, mas poderíamos fazer isso com Ellionor de Razão e Sensiblidade, uma mulher que mesmo sofrendo de amor resolveu guardar silêncio, ou com Emma, uma casamenteira que acaba entrando em confusão e que tem um grande amor e respeito pelo seu pai e imagina uma vida de solteira com os sobrinhos ao redor.

Inclusive Emma, é o livro em que ela mais defende a posição das mulheres solteiras, um paradoxo, já que Emma é uma casamenteira incorrigível.

Outro aspecto a se observar nas obras de Jane, que pode ser um fator que nos leve ama-lá tanto, é o fato de que todos os mocinhos, tem uma boa índole. Mesmo os chatos de galocha e que não mereciam um final feliz ( Edmund de Mansfield Park, isso é para você!!!) apesar de tudo, tem fortes opiniões e se mantém no lado da decência.

Ok, muitos argumentos foram colocados mas porque, porque adoramos as suas histórias, porque?

Primeiro, ela é umas das poucas escritoras que ao lado de Shakeaspeare mantém um bom reconhecimento do ramo acadêmico e são considerados Cults.

Segundo, por razões desconhecidas, ela conseguiu se reinventar durante todos esses anos.

Terceiro, cada obra representa um aspecto diferente das relações humanas. Sendo que cada um se preocupa em analisar e até mesmo fornecer uma moral diferente , cada heroína tem uma personalidade diferente e uma relação com a sociedade mudada, é quase um experimento.

Quarto, já foi dito antes, os seus livros mantém as heroínas como espectadoras da própria estória, e isso mantém o leitor no mesmo status, apesar de todos os romance se passarem no século XVIII é muito fácil se imaginar na pele das personagens e sentirmos os mesmos, porque ao tirar o foco do ambiente e transferi-lo para as pessoas e as suas naturezas, Jane conseguiu criar obras que sempre terão apelo. Sempre haverá pessoas apaixonadas, frívolas, prepotentes, amarguradas e invejosas, e assim a obra de Jane se renova, porque o leitor consegue facilmente se identificar nessa situação.

E essa foi a intenção dela desde o começo, não que os seus livros se tornassem grandes clássicos, na verdade ao contrário de muitos escritores e poetas da sua época, ela sempre escreveu para o presente e não para a posterioridade.

Mas ela sempre quis ser uma autora que fosse, comprada, lida, e lida novamente, cujos os livros fossem ao mesmo tempo uma experiência e um empurrão para outras experiências, e não, simplesmente um livro qualquer, que não agregasse nada.

Se eu pudesse encontrar com ela um dia falaria, Meta Cumprida!

Fanny Ladeira

3 comentários:

  1. Eu sou muito fã de Jane Austen. Li quatro livros dela e a considero fantástica.
    Amei o post!
    Bjs

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  2. Fanny (posso te chamar assim?), você é realmente fã da Jane Austen!! Seu post transborda de carinho, gostei da sua brincadeira de comentar sobre a vida de Jane Austen associando os romances escrito por ela.

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  3. É muito interessante os personagens da Jane pois de certa forma expressam seus próprios sentimentos, desgostos e etc.
    E é interessante o reflexo que isso trás para os dias de hoje.
    Eu já li orgulho e preconceito, razão e sensibilidade e Persuasão ! eu AMEI todos apesar de achar razão e sensibilidade muito cansativo !!!
    Espero encontrar alguma edição de Emma logo !!!
    Beeeijos

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Fanny Ladeira!